quinta-feira, 5 de abril de 2018

A Origem da Gewurztraminer


A uva Gewurztraminer é uma casta internacional, hoje plantada em vários lugares ao redor do mundo, na Europa e no Novo Mundo, inclusive no Brasil com bons resultados, mas sua origem qual é?

Certamente a Gewurztraminer adquiriu fama e popularidade por meio dos fantásticos vinhos brancos aromáticos produzidos na Alsácia, no norte da França, e na Alemanha, mas isso não nos garante que a origem seja de lá.

O nome Gewurztraminer, claramente de origem alemã, pode nos induzir a acreditar que sua origem seja então germânica.
Vamos porem examinar com calma os indícios de que dispomos, a palavra que designa a uva, como já dito, pertence à língua alemã, esta é a primeira pista porem não conclusiva, considerando que a outra região que reclama a origem da disputada casta, a Alsácia, foi dominada e conquistada, perdida e reconquistada, ao longo dos seculos, pelos alemães.
Tanto é que uma piada recorrente entre os alsacianos de certa idade é aquela que conta que eles, franceses, nasceram de pai alemão e tem os avos franceses, sem que a família jamais tenha saído de seu povoado de origem, situado entre as belas colinas da Alsácia; terra cobiçada e disputada por causa de seu clima mite, de sua culinária saborosa e, naturalmente de seus ótimos vinhos.

Vamos ao segundo indicio ora, a língua alemã é famosa por fazer uso de palavras longas compostas por palavras menores, uma vez analisado o significado de cada uma delas, chega-se ao sentido da palavra composta, tudo claro? Mais ou menso? vamos ao exemplo pratico então.

Gewurztraminer é composta por Gewurz = especiado, aromático, relacionado ao tipo de vinho, muito perfumado que se extrai dessa uva.
Traminer, composta de Tramin + a desinência er, cujo significado é ...algo que pertence ou que é originário de Tramin, sendo este um lugar, ou cidade ou povoado.
Matamos a charada então Gewurztraminer = uva aromatica de Tramin, bingo!
Problema resolvido, então encontra Tramin e terá encontrado a misteriosa origem da casta.
E onde fica Tramin, na Alsácia??? Na Alemanha???

Não senhores, nada disso, Tramin é uma cidadezinha pequena situada no Alto Adige, Nordeste da Itália, traduzida como Termeno, encaixada nos Alpes que marcam a divisa entre Itália e Áustria, as montanhas Dolomitas, onde se produz excelentes brancos, inclusive com a Gewurztraminer que aqui dá resultados fantásticos...aposto que por essa não esperam...

Bom, se pode servir de consolo para os orgulhos  gauleses e teutônicos feridos, podemos afirmar que a Itália não pretende reclamar o direito de origem da Gewurztraminer, não precisa disso, também pudera, o país que conta a maior diversidade ampelográfica do mundo conhecido, com mais de 600 castas nativas em produção, 691 para sermos exatos, de acordo com a "Guida ai vitigni d'1Italia" de Slow Food, não deve mesmo dar uma de fominha nesse caso.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Vinho em restaurante, qual é o preço justo?



Vinho em restaurante, qual é o preço justo?

Pergunta delicada e fonte de inúmeras polemicas, de um lado os consumidores que sempre acham tudo caro, absurdamente caro, do outro os empresários que bem conhecem as dificuldade de tocar um negocio neste setor, mas que nem por isso precisam descontar tudo no vinho, afinal como vamos avaliar? Como podemos definir um parâmetro que possa nos fazer perceber se o vinho em tal casa é caro ou não?

Vale salientar que o parâmetro de cada um é subjetivo e que a minha é apenas uma opinião pessoal, baseada em mais de vinte anos de experiencia diária no ramo, que seja, mas ainda assim, uma opinião.

Vinho caro? Vinho barato? Eis a questão, consideramos que de forma geral, no Brasil sobretudo, o vinho é associado a celebração e a boa companhia, a maioria das garrafas nos restaurantes são abertas por casais, ou grupo de casais, ou ainda famílias reunidas. O vinho é compartilhado numa proporção ideal para cada pessoa sentada em volta da mesa, por isso para avaliar se o preço do vinho está em linha com os valores de mercado, ou não, sugiro fazer o seguinte calculo.

Consideramos o vinho como um convidado a mais, assim o casal vai escolher um prato cada um, geralmente é o que acontece, e o vinho é bom que represente o investimento equivalente a mais um prato,.

Claro que nessa conta não podemos incluir apenas os pratos mais baratos, as entradas e outros que representam a base da piramide culinária da casa em questão, também não podemos basear nossa avaliação apenas nas grelhadas de lagosta ou pratos similares, mas tratemos de fazer uma média de valor dos pratos oferecidos, aí vamos ver se o restaurante oferece boa escolha de vinho nessa mesma faixa de preço.

É claro que cada um escolhe o vinho que quiser, ou puder, mas o bom senso sugere e a boa gestão do restaurante agradece, que pelo menos uns 40/50% da carta seja surtida de vinhos na faixa de preço igual ao ticket médio da casa, alguns rótulos acima disso para oferecer opções de maior qualidade para clientes ou ocasiões especiais, alguns vinhos de preço mais competitivo para democratizar o consumo e divulgar a cultura, alem de certa variedade de garrafas menores para almoços ou para sede individual.
Para finalizar uma palavra a respeito da cobrança de rolha, acho justo e necessário que esta cobrança aconteça, o serviço do vinho envolve investimento por parte do restaurante, do sommelier que precisa se reciclar continuamente com cursos caros e viajar muito para crescer profissionalmente (eu que o diga ... três viagens a Europa entre Itália, Portugal e França no ultimo ano...), tudo isso que as vezes o cliente não enxerga faz parte do backstage do negocio do vinho, por isso a taxa de rolha precisa ser reconhecida, para que o vinho continue sendo tratado conforme merece.


terça-feira, 21 de novembro de 2017

O Vinho evolui...Voltando às origens


Vamos logo explicar o titulo do post, pois parece um contraditório, acontece que o mundo do vinho, após a descoberta das leveduras, graças a Louis Pasteur, passou por um período de evolução em que as mudanças ocorreram em velocidade elevada, assim como aconteceu com a humanidade, diga-se de passagem.




Os antigos armazenavam e transportavam o vinhos em grandes jarros, as ânforas, que dominaram a cena desde os Fenícios até algumas remotas regiões isoladas da Georgia, passando pelos Gregos, pelo Império Romano, até a chegada dos franceses que, quando ainda eram Gauleses, aprenderam a desenvolver técnicas para dobrar a madeira sem quebrá-la. 

Esse fato já foi taxado de revolucionário na época, pois permitiu que, finalmente, o vinho fosse mais pesado que o recipiente que o transportava, possibilitando assim boa economia de força por parte dos carregadores e de frete para os transportadores.

E com as barricas e os barris a humanidade enófila virou-se durante muitos séculos, sem dar excessiva importância ao fato em si, considerando natural que o vinho ficasse na madeira, fosse ela um barril de cinco mil litros ou uma barrique de 225. Isso até a chegada de Robert Parker que decretou que apenas o vinho que mostrasse em seu aroma e sabor, os traços dominantes do carvalho, era digno de mais de 90 pontos, os outros, infelizmente, não levariam a honraria.


Botti e Barrique - Gigi Bianco - Barbaresco

O resto da historia bem sabemos, a chamada parkerização trouxe ar de novidade, com sorte para alguns e lamentos para outros, os flyng - winemaker milionários, a generalização do uso, e abuso, do carvalho, vinho na madeira, ou madeira no vinho, assim surgiram os vinhos com sabor de palito de picolé mordido.  

A tendencia agora mudou, Parker está em outra e o vinho deixou de ser tão previsível, por sorte de quem o aprecia. Os produtores diminuíram o uso indiscriminado da madeira, maquilagem poderosa que tudo cobre e disfarça, para produzir vinhos mais frescos onde o sabor da terra de origem aparece com mais nitidez. 
Materiais antigamente utilizados que em seguida foram relegados com vergonha no canto mais escondido da adega, como as pileta de cimento, voltaram a aparecer e ser usados por enólogos que nos explicam entusiasticamente a respeito das propriedade do concreto na condução do calor e do vinhos ser mais natural.
Até o conceito extremo do concreto ter formato de um ovo, pois assim o movimento do mosto em fermentação dentro do "ovo" não encontra arestas em seu percurso tumultuoso e  as leveduras trabalham mais a vontade deixando o vinho menos estressado; estressado mesmo vai ficar o proprietário da vinícola na hora de pagar pela genial novidade, nem todos possuem a envergadura financeira dum Michel Chapoutier.


Ovos de concreto

Mais a virada radical, o verdadeiro retorno ao passado, aconteceu quando um produtor friulano, Josko Gravner, saiu de sua Gorizia natal e foi pesquisar as Kvervi da Georgia, antigas ânforas ainda em uso no mais profundo dos interiores enológicos do mundo, onde camponeses desacreditados produziam o vinho do mesmo modo que na Grécia antiga, em ânforas enterradas, vinho branco, sem prensagem e com macerações prolongadas. Wow. 


Ânforas na adega de Gravner em Gorizia

Marco Ferrari e Mateja Gravner



Isso sim é retornar às origens, Josko Gravner comprou a ideia, e as ânforas, e desencadeou no mundo a mania dos vinhos laranjas, possibilitando assim para todos os enófilos, ou pelos menos para aqueles cuja conta bancária é diretamente proporcional ao amor pelo vinho, a experiencia de tomar, em pleno seculo XXI o vinho do mesmo jeito que Platão ou Aristóteles beberam um dia, quando o mundo era mais novo.



quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Voltamos

Caros amigos,



Depois de anos sem frequentar o blog me deu saudade e resolvi fazer um teste para ver qual era a recepção de vocês para o retorno, nos próximos dias, voltaremos aos poucos a escrever alguma novidade sobre o mundo dos vinhos, acompanhe!

domingo, 8 de junho de 2014

O que vivo no vinho - Concursos Mundiais "das esquinas" Vs Gosto individual

O mercado publicitário do vinho é muito competitivo e uma grande ferramenta utilizada pelos comerciantes do meio são os prêmios. O que o grande público pouco sabe é que o grande medalhista de ouro de um concurso qualquer, muitas vezes já falhou nas premiações em muitos outros. Verdadeiros fenômenos de venda são forjados a partir de um resultado de algum “concurso mundial de alguma esquina”. Não preciso dizer o quanto isso é perigoso para o mercado do vinho, a necessidade de uma medalha para a comercialização de um produto em detrimento ao ensino da qualidade intrínseca do mesmo.
A quantidade de concursos “mundiais” de vinhos acontecendo ao mesmo tempo em todas as semanas no mundo confundem e direcionam o consumo, e isso é prejudicial! Sabem qual o maior segredo para um vinho ganhar muitas medalhas? Eu digo, participar da maior quantidade de concursos possível. Isso mesmo! Estudos comprovam que não existe relação direta entre as pontuações de um vinho entre um concurso e outro. Muitos fatores podem ajudar na conquista de uma medalha (Assunto a ser abordado em futuro post, prometo).
 
 
 
 
 
 
 

Figura 1: medalhas de concursos. Google imagens
 
Sem entrar no mérito da metodologia dos concursos, dos avaliadores selecionados, convidados e até oferecidos (sim, existem concursos que pessoas se oferecem para ser avaliadores), eu quero lembrar que a visão de cada pessoa em relação a determinado produto é a coisa mais individual que podemos ter, é inerente a personalidade. Alguns gostam de maças, outros de pêras e tem que goste de ameixa (acreditem, eu não gosto).
Basta se questionar: As pessoas têm o mesmo olhar para uma obra de arte? A beleza de “La Gioconda” é exaltada por todos? É justa a comparação entre os vinhos como o mercado pede/ induz?
Não acho e pelo contrário penso que o vinho deve ser visto sempre dentro de um contexto, é inadmissível a comparação de vinhos como muitas vezes é levado o consumidor a acreditar. Há tempos notamos o direcionamento do mercado a formadores de opinião, verdadeiros deuses, a quem o seu gosto chega a determinar preços, e o pior, modo de produção.
As notas podem induzir a erro, como um dos maiores da história do vinho (mesmo que nesse caso para o bem do vinho e já explico o porquê). Quem não lembra da grande prova que revolucionou o mundo dos vinhos denominada de “Julgamento de Paris”, que foi relatada por George Taber em seu livro de mesmo nome. Será mesmo que os vinhos dos EUA são melhores ou pelo menos foram que os franceses? Um vinho 90 pontos é sempre melhor que um 89?  
Figura 2: http://www.georgemtaber.com/Judgment_of_Paris.html
Essa prova foi responsável por uma grande mudança no mundo dos vinhos que antes só considerava um grande vinho o originado do país francês e isso foi um ponto positivo, e precisamos novamente de um “julgamento de Paris”, mas dessa vez que abra a mentalidade das pessoas a buscarem o seu gosto, e dar menos valor ao dos outros.
 AFINAL O GOSTO É PESSOAL !!!
(BUSQUE UM VINHO PRA CHAMAR DE SEU)
Sim, essa é a ideia principal do post. Todos temos um gosto pessoal e devemos busca-lo. A leitura sobre as regiões, uvas, técnicas de produção são hoje em dia muitas formas de perceber qual a característica que determinado vinho tem que pode ser de um direcionamento para a descoberta do seu gosto. Soma-se a isso as feiras de vinhos que também devem ser aproveitadas para conhecer novos produtos, inclusive os de valor elevado.
Os vinhos podem ter características muito diferentes, desde os mais leves e aromáticos, aos mais complexos, tanto a nível aromático como gustativo. Cabe a cada um de nós buscar o que mais nos agrada e para isso devemos entender um pouco do vinho.
Tem medo de comprar um determinado vinho e não gostar? Que ótimo motivo para reunir os amigos, dividirem os custos e conhecerem mais alguns vinhos.
Estamos no início do consumo de vinhos no Brasil, devemos aceitar isso e buscar mudar essa realidade, e para isso devemos antes de tudo buscar o aprendizado, o mercado tem que apreciar o vinho, para isso é necessário entender as suas diferenças.
Vamos aprender juntos???
 
Renato Brasil

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

HARMONIZAR QUEIJOS & VINHO #3 Queijos Duros e Azuis

QUEIJOS DUROS



Parmigiano Reggiano, o grande queijo italiano, a denominação de Origem Protegida (DOP), pode ser produzido unicamente em região delimitada, na Emilia Romagna, no centro da Itália; é o queijo duro por definição, de longa maturação, produzido em formas cilíndricas de 35 kg. Ótimo ralado por cima das massas ou servido como entrada é um clássico, alguns parmigiano podem maturar por até 48 meses, quando adquirem sabores marcantes a nozes, avelãs e amêndoas. Para acompanhar um queijo tão nobre, somente vinhos nobres, Amarone, Barolo e Barbaresco são os melhores, na falta deles, opte por Cabernet Sauvignon ou Merlot de bom corpo e de safras antigas.



- Manchego, o mais nobre dos queijos espanhóis, produzido na região de La Mancha, eternizada na memória universal pelas aventuras do cavaleiro da triste figura, o famoso Don Quixote. O manchego é um queijo feito a partir do leite de ovelha podendo ser mais ou menos curado, sua forma é de 3 kg, aproximadamente, de cor barnca, aroma penetrante, sabor intenso e forte, sua massa é consistente, resistente ao corte e pode ser ralado. Harmoniza com bons tintos de Rioja, Reserva de preferência e envelhecidos tintos da Ribera Del Duero.

QUEIJOS AZUIS

Cave de maturação do queijo de Roquefort - França

Roquefort, queijo francês que leva o nome da homônima cidade da região dos Pirineus, no Sul da França, é produzido a partir do leite de ovelha e maturado nas grutas localizadas nos arredores da cidade, onde, pela ação do ar e do clima, se desenvolve um tipo de fungo, o Penicillium Roqueforti, que dá ao Roquefort as características estrias azuladas, hoje este queijo tem seu nome e sua receita repetidas em vários países, mas nenhum desses genéricos pode comparar-se, em sabor e nobreza, ao original francês; de características peculiares, aroma intenso, sabor forte e salgado pede um acompanhamento atípico, como um branco de sobremesa, doce e intenso, Sauternes ou outros botritizados são a melhor pedida.



- Gorgonzola, da homônima cidade localizada no Piemonte, perto de Novara, apresenta as veias azuis parecidas às do Roquefort, porem o Gorgonzola, a diferença do francês, é feito a partir do leite bovino. Se produzem dois tipos de Gorgonzola, o Dolce, macio, frutado de sabor suave e o Piccante, aroma intenso e penetrante, sabor forte, salgado e picante; com o primeiro aconselhamos um tinto bem leve, tipo Valpolicella, Barbera jovem ou Dolcetto, com o tipo Piccante, um vinho licoroso como Porto (Ruby, LBV ou Vintage), Marsala ou Recioto.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

HARMONIZAR QUEIJOS & VINHO #2 Queijos Macios e Semiduros


QUEIJOS MACIOS



Brie, importante queijo Frances, denominado “Rei dos Queijos”, o Brie tem origem antiquíssima, na região de Ile de France, próximo de Paris, é um queijo de leite de vaca que apresenta a característica casca branca, originada por um fungo, o Penicillium Camemberti que influi na maturação do Brie; cremoso, mole e bastante untuoso quando jovem, seu sabor se torna mais forte a medida que avança na maturação, até adquirir um característico cheiro amoniacal, atenção, não significa que esteja estragado, pelo contrario, existem muitos apreciadores que preferem comer o Brie mais apurado que ele fresco; harmonização ideal é um bom Chardonnay encorpado, tipo Borgonha, ou um vinho tinto leve a base Merlot ou Shiraz.

QUEIJOS SEMIDUROS



Emmental, queijo de origem suíça hoje produzido no mundo todo, de massa semidura, ou seja, de boa consistência ao corte, porém não suficiente para ralar, apresenta os característicos buracos, que surgem durante a maturação e são provocado pelo dióxido de carbono que se desprende ao longo do processo, é um queijo muito apreciado, versátil e saboroso que vai bem quando acompanhado por um vinho tinto de bom corpo, como um bom Carmenere chileno, um Bordeaux ou um Alentejano com estagio em barrica.



- Gruyere, originário da homônima cidade na Suiça, o Gruyere é copiado em vários países do mundo, inclusive no Brasil, embora os exemplares nacionais em muto diferem do original, o qual apresenta sabor mais forte que o do Emmental, inicialmente frutado e agradável, evolui para um intenso sabor a nozes e frutas secas, pede um Pinot Noir, se agiganta com um grande Borgonha tinto



- Gouda, queijo de origem holandesa, leva o nome da cidade onde foi produzido em origem, de leite bovino, é hoje reproduzido em varias partes do mundo, inclusive no Brasil, existem exemplares de Gouda mais ou menos curados, que apresentam sabor mais ou menos forte, aconselha-se um tinto a base Merlot, Cabernet Franc ou um Montepulciano d’Abruzzo para acompanhar.


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

HARMONIZAR QUEIJOS & VINHO #1 Queijos Frescos e Cremosos

QUEIJOS & VINHOS


QUEIJOS FRESCOS

Queijo de cabra, excelência da culinária francesa, os queijos de cabras são amplamente produzidos também no Brasil, quando frescos  apresentam uma característica picância e certa agradável acidez, isso nos impele a harmonizá-los com vinho branco aromático de boa acidez, aconselho sobretudo o Sauvignon Blanc; quando o queijo de cabra tem maturação mais longa, o sabor se acentua e a acidez diminui, neste caso podem harmonizar com tintos leves e frutados, como certos Pinot Noir chilenos, Gamay e Malbec leves e sem passagem por madeira. 



QUEIJOS CREMOSOS

Requeijão, este queijo muito comum no Brasil, ingrediente principal em muitas receitas de nossa gastronomia popular é muito bem acompanhado por vinho tinto muito leve, como o Gamay, ou um bom Merlot leve, sem passagem por madeira, pois o sal do queijo faz um péssimo par com o tanino dos tintos mais encorpados (aqueles que tem passagem por barrica de carvalho, no caso).



- Serra da Estrela, o grande queijo português, de leite de ovelha, o Serra da Estrela é produzido desde o seculo XII, é o mais antigo daquele país e dos mais famosos do mundo, um queijo que os portugueses costumam comer com a colher, após ter retirado a casca superior, é um laticínio nobre que só pode ser produzido pelas ovelhas de raça especifica nativa, criadas na homônima Serra, no centro de Portugal, harmoniza maravilhosamente bem com vinho verde a base Alvarinho ou, porque não, um Porto Tawny de boa qualidade. 



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Mais sobre a Screw - cap

Vinho com tampa de rosca.
Quem tem medo dele?

É comum que a tampa de rosca nas garrafas de vinho, em lugar da tradicional rolha, renda desconfiança dos consumidores de vinho. Mas isso pode ser apenas uma questão de preconceito.

A tampa de rosca, screw-cap, foi concebida na década de 1960 pelos vinicultores australianos, no mesmo tempo em que seus colegas da Califórnia também desenvolviam pesquisas acerca de tampas alternativas para o vinho, no intuito de fugir da dependência da importação de rolhas, matéria-prima, quase que de monopólio, de Portugal.

As primeiras tímidas aparições de garrafas fechadas com tampa de rosca aconteceram na Austrália na década de 1970. Obviamente os países produtores da Europa zombaram da novidade, sobretudo os portugueses (tente encontrar uma garrafa de vinho português, barata que seja, que utilize uma screw-cap, mesmo hoje), ao passo que países menos tradicionalistas em vinho, como os do Norte da Europa, USA e Canadá, além do Reino Unido, encontraram na tampa de rosca uma grande vantagem: qualquer um poderia comprar uma garrafa de vinho num supermercado, e consumi-la a qualquer hora e em qualquer lugar, tendo o não um saca-rolha por perto.

Mas, afinal, qual a relação entre a tampa de rosca e o vinho da garrafa? É o seguinte: a tampa de rosca não permite a passagem de oxigênio para o vinho contido na garrafa. Isso limita a evolução do vinho ao longo do tempo. O vinho não “envelhece”, nem “melhora” com o passar dos anos.

Ou seja, para os vinhos jovens –  produzidos para serem abertos e consumidos nos 2-3 anos sucessivos à colheita – a screw-cap é uma solução, sim, muito boa e, em nada, deprecia o valor do vinho.

Prova disso está nos 99% dos excelentes, e caros, Pinot Noir da Nova Zelândia, que utilizam tampa de rosca. E ainda: um grande Chateau francês, daqueles cujos vinhos custam centenas de dólares, vem fazendo testes com a tampa de rosca para fechar algumas garrafas de seu top wine. A ideia é verificar a evolução da qualidade ao longo dos anos. 

Quem sabe o futuro não nos reserve surpresas?






terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

DEGUSTAÇÃO ÀS CEGAS


Quando alguém se aproxima do vinho uma serie de duvidas e de perguntas surgem quase que de imediato, contribuindo a cercar de mistério e fascínio esta bebida milenar; ora, isso não é sempre bom, não representando propriamente um beneficio, no mais, serve para acanhar e, as vezes, desestimular a aproximação dos mais tímidos.
Uma duvida que, tenho certeza, surge com certa frequência diz respeito às degustações as cegas: para que servem? O degustador fica por acaso, vendado? Tem que adivinhar a marca do vinho?
Vamos então explicar, para desmistificar, e desmitificar. A degustação às cegas é um processo de avaliação onde se verificam as qualidades intrínsecas do vinho e, a partir do resultado da avaliação, atribui-se um juízo (pontuação ou medalha, geralmente) acerca de sua qualidade/tipicidade, visando a tutela da imagem de um produto/região perante o consumidor.
Em poucas palavras, um painel de juízes (de conhecimento comprovado e documentado) é convocado para avaliar uma serie de amostras de vinho, das quais ignoram marca, preço e produtor, estando assim livres de influencias e/ou pressões externas . Os vinhos são servidos, “às cegas”, ou seja, em garrafas cobertas com algum material que as torne absolutamente anônimas, divididos por categorias, tal que os Cabernet Sauvignon sejam avaliados apenas com outros Cabernet Sauvignon , os Merlot entre si e assim por diante.
Os juízes preenchem uma ficha de avaliação onde são analisados vários aspectos destas amostras, a partir de uma verificação visual, olfativa e gustativas atribuindo pontuações que, geralmente variam de 0 a 100. Os melhores vinhos são aqueles cuja pontuação fica acima de 82/100, os excepcionais acima de 90/100.
Já dissemos que a função da degustação as cegas é avaliar o vinho, mas porque é necessário submetê-lo a tal prova? Nas regiões a Denominação de Origem Controlada, um dos requisitos obrigatórios para que determinado vinho possa ostentar o nome da DOC no rotulo, passa justamente através de uma avaliação as cegas onde é verificada sua tipicidade, que deverá estar alinhada com as características daquela região especifica.
Outra situação em que o vinho é submetido à avaliação as cegas é quando, nas premiações que ocorrem no âmbito dos concursos internacionais, são eleitos os melhores rótulos; lembrando que um bom desempenho em algum desses concursos pode fazer a fortuna (ou a ruína) de um produtor.