segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O PERLAGE DOS ESPUMANTES

Em várias oportunidades tomamos espumante com outras pessoas, alias essa deveria ser a unica maneira de tomar espumante, em boa companhia, já que se trata da bebida mais indicada para confraternizar, brindar, comemorar etc.
Deve ter acontecido com todo mundo que o espumante que está na taça de alguém apresente um perlage mais persistente do que o espumante que está na nossa taça ou vice-versa, mesmo sendo a mesma garrafa; como pode acontecer isso?
Na verdade não é nenhum mistério, nesse caso a culpa é da....taça, ou melhor, de como foi lavada.


As taças de vinho em geral, deveriam ser lavada apenas com agua quente, ou morna, sem utilizar detergente, sobretudo aquele com perfume disso ou daquilo, deveriam ser enxugadas imediatamente após lavadas com um pano de algodão, possivelmente branco, não felpudo, para não correr o risco que este solte algum fio ou farpa.

Para auxiliar na limpeza podemos utilizar álcool, desde que as taças sejam enxugadas cuidadosamente, pelo menos meia hora antes de usá-las, para dar tempo ao cheiro de evaporar.


Se a taça for lisa de mais isso pode frear o desenvolvimento do perlage, por isso freqüentemente as taças para espumante possuem um fundo não polido, que vai incrementar a liberação de gás carbônico.
Obviamente isso não ajuda muito se a taça não for lavada adequadamente.

domingo, 30 de janeiro de 2011

PORQUE ALGUNS VINHOS UTILIZAM TAMPA DE ROSCA EM LUGAR DA TRADICIONAL ROLHA?

PORQUE ALGUNS VINHOS UTILIZAM TAMPA DE ROSCA EM LUGAR DA TRADICIONAL ROLHA? 
A tampa de rosca, também conhecida como screw cap, é muito utilizada, sobretudo para vinhos que não precisam envelhecer, apresenta a grande vantagem de ter um custo reduzido e a desvantagem de não dar espaço para aquele ritual gostoso da abertura da garrafa. 
A moda da screw cap foi lançada por produtores australianos na década passada, além de ser pratica não apresenta o risco de contaminar o vinho com fungos como acontece em alguns casos com a rolha de cortiça. 
A screw cap não pode ser utilizada para vinhos que precisam envelhecer alguns anos na garrafa, pois não consente a micro-oxigenação que acontece graças a porosidade da cortiça.

É MELHOR A TAMPA DE CORTIÇA SINTÉTICA OU A SCREW CAP? 
Desde que utilizadas em vinhos jovens e que não precisam evoluir, são alternativas válidas ecologicamente e economicamente. Fica a discrição de cada um escolher a melhor opção. Minha pessoal opinião é que a screw cap seja uma solução melhor que a rolha sintética.

CASA VALDUGA PREMIUM CABERNET FRANC 2007

CASA VALDUGA PREMIUM CABERNET FRANC 2007

Outro dia abri uma garrafa de CASA VALDUGA PREMIUM CABERNET FRANC 2007 ( em torno de R$ 60,00 na mesa de restaurante), um vinho produzido por uma das principais vinícolas brasileiras, a Casa Valduga, vinícola de expressão, produz mais de 1 milhão de litros / ano, o que a coloca lá pelo 5º ou 6º lugar entre as vinícolas brasileiras, embora muito longe dos quase 9 milhões da Miolo, líder de produção.

A Casa Valduga ocupa um lugar de destaque na percepção, não somente brasileira, dos vinhos de qualidade, percepção sacramentada pelo reconhecimento internacional que a vinícola conseguiu, em decorrência dos resultados alcançados pelos seus vinhos em competições e concursos pelo mundo afora.

A linha Premium é o primeiro passo para quem quer sair dos vinhos leves, jovens, tipicamente comerciais e se aproximar de algo mais complexo, envolvendo uma seleção mais rigorosa das uvas, um estagio em madeira e depois na garrafa, buscando algo mais complexo e profundo, além das frutinhas vermelhas.
A safra era a de 2007, atualmente em comércio; a vinícola nos conta que esse vinho passou por um estagio em barricas de carvalho francesas de 1º e 2º uso durante oito meses; considerando que foi lançado ao comércio em 2010, temos aí um vinho que entre vinificação, maturação e envelhecimento, demorou em torno de três anos para ver a luz da ribalta.

A pergunta é, valeu a pena esse tempo todo? Sabemos que a Cabernet Franc é uma das uvas tintas que o Terroir do Vale dos Vinhedos escolheu como as preferidas, a outra é a Merlot.

Na analise visual não temos o que argumentar, o vinho se apresenta de um rubi bastante intenso, típico dos vinhos que estagiaram um tempo considerável em barrica, nos indica um potencial de evolução bastante longo: três ou quatro anos, talvez cinco.

O nariz desse Cabernet Franc a principio é bastante arredio, fechado, não deixa muitas pistas sobre o seu futuro, as notas frutadas são percebíveis mas ficam presas no bouquet bastante hermético desse vinho, ele melhora depois de um tempo de respiro, porém não consegue atingir a amplitude que gostaríamos, depois que esperamos todo esse tempo.

As notas terciárias, da passagem na madeira, ficam evidentes, muito evidentes, invasivas mesmo; parece que a fruta ficou subjugada pela barrica, apenas depois de quase meia garrafa é que reparamos num franco aroma de cassis, que sempre esteve ali, mas que não conseguia romper a barreira da própria timidez, por causa da exuberância do carvalho, que tudo domina e tudo subjuga.

Na boca, os primeiros goles, de fato, foram extremamente influenciados pela passagem na madeira, o vinho tende a amargar, dando um trabalho danado na hora de harmonizar com algum prato, fato que nos leva a refletir mais uma vez se esse estagio todo valeu a pena.

Cabe aqui uma ressalva em favor desse vinho, ainda que a influência da barrica seja inegável, preciso salientar que nunca chega a passar aquela impressão de “suco de carvalho em calda de baunilha” que, tão freqüentemente, se encontra em certos rótulos, sobretudo do Chile, de preço próximo ao nosso, afugentando assim, em definitiva, a suspeita de eventual “chipagem” do vinho (a utilização de chip de madeira na vinificação, mesmo se permitida por lei, não é tão difícil de ser identificada, numa degustação atenta).

Com o passar dos minutos a percepção gustativa melhora, porém cabe a reflexão sobre esse uso, e abuso, da barrica de carvalho, para amaciar uma eventual veia vegetal e acida do varietal.
Será que isso não acaba por descaracterizar um vinho que, me parece, foi tratado como um Cabernet Sauvignon, mesmo faltando-lhe a estrutura que esse teria, chegando assim a descaracterizar sua verve acida e rebelde de vinho floreal e gastronômico, debaixo de uma mascara de madeira que inibe, e muito, sua performance.

Na atual conjuntura enológica mundial, que nos últimos tempos está buscando fugir dos recursos e da intervenção humana na vinícola, em favor da franca expressão do que o terroir tem a nos oferecer, talvez esse vinho esteja caminhando na contramão.

Analisando o vinho pela sua performance, dentro de sua faixa de preço, podemos dizer que com certeza não decepciona, pois se mantém no padrão de qualidade condizente; porém nossa reflexão é que, talvez, a Casa Valduga tenha perdido uma ótima oportunidade de ir além de um vinho correto e internacionalmente aceitável, para produzir algo mais fiel e revelador das potencialidades do terroir do Vale dos Vinhedos, dando assim um passo importante na busca pela vocação da vitivinicultura brasileira de qualidade. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

TENDÊNCIA DO VINHO ITALIANO - GUIA "I VINI D'ITALIA 2011"

Recentemente, em Bordeaux, ao famoso enólogo Michel Rolland, foi perguntado qual seria o destino do vinho, ele respondeu, parecido com a Coca-Cola, em tom provocatório, considerando o lugar em que se encontrava.
Os grandes vinhos podem ser produzidos em qualquer lugar do mundo, esta é sua tese e, como o famoso refrigerante adapta suas nuances aromáticas às exigências de mercado, assim será para o vinho, se os indianos gostam de vinho com gosto de curry, nós assim o faremos.

Nada poderia ser mais longe do pensamento da moderna enologia italiana, segundo informa o Guia “I Vini d’Italia 2011” da revista “L’Espresso”; hoje o trabalho das vinícolas é inspirado na busca de uma produção estritamente identificada com o território e sua tipicidade.
Para começar vinhos menos concentrados, menos musculosos respeito ao passado recente,  quando o trend era fazer vinhos mais fáceis e macios, lançando mão do uso, e abuso, em algum caso, da madeira e das notas frutadas.

Hoje o foco está no vinhedo e na obsessiva busca da tipicidade do solo e da vinificação das variedades autóctone, sem aportar mudanças na vinícola, com o enólogo no papel de acompanhante oficial e não mais como ator protagonista do vinho.  
Isso é muito positivo, significa a volta a uma produção coerente com o território, além de tornar inimitável e característico o vinho de cada região; mesmo assim de olho na qualidade, pois um Cabernet bem feito, estilo internacional é preferível a um autóctone de baixa qualidade.

Segundo o guia a região TOP da enologia de qualidade é o Piemonte, segue a Toscana, o Alto Adige confirma a tendência ao melhoramento dos últimos anos, mas quem surpreende é a Sardegna, onde é produzido o único vinho de 20/20 do guia, pontuação que os degustadores conferiram pela emoção e não somente pela perfeição; trata-se da MALVASIA DI BOSA 2006, vinho branco produzido pelo Sr. Battista Columbu, que do alto de seus noventa anos de idade, é uma bandeira da resistência contra a padronização industrial e marqueteira do vinho; este produtor já é conhecido dos enófilos do mundo todo, pois aparece mostrando seus vinhedos e contando sua paixão pelo vinho no filme “Mondovino” de Jonathan Nosser.

O vinho soberano da Italia é ainda o Barolo, que com os outros grandes, Amarone, Barbaresco, Brunello, Chianti Classico e Taurasi, confirma o próprio valor, muito interessantes os vinhos do Etna, algum tinto leve e frizante da região da Emilia Romagna, mas também Aglianico Del Vulture, tintos da Valtellina e o Sagrantino di Montefalco.
Afirmam-se vinhos jovens, frescos e leves; até o vinho italiano sofre as conseqüências das mudanças climáticas, vinhos tintos se destacam em regiões, como a Val d’Aosta, terra de brancos, onde anos atrás não conseguiam amadurecer.
Até Alto Adige e Valtellina, regiões montanhosas e frias, alcançaram pontuações nunca antes alcançadas pelos seus tintos.
Em suma os vinhos que em breve chegarão ao Brasil, importados da Itália, prometem muita tipicidade e a palavra que será recorrente nas degustações já foi revelada, os vinhos italianos primarão por sua mineralidade.
(fonte de pesquisa: I Vini d’Italia 2011 – L’Espresso)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DESMISTIFICANDO - acidez versus tanino

Existem muitos termos e expressões que cercam o vinho e o simples ato de degustar.

Por exemplo, o que significa adstringente, ácido ou tânico em relação ao vinho?

São sensações tácteis percebíveis na boca relacionadas com a acidez*, se apresentam com um leve pinicar nas laterais da língua, quando colocamos o vinho na boca. Se após engolir a sensação é de salivação, o vinho tem uma acidez correta; se além da salivação percebemos uma contração das gengivas até chegar a fazermos uma careta, o vinho terá uma acidez desequilibrada e, dependendo do tamanho da careta poderemos defini-lo como adstringente; essas características são predominantes nos vinhos brancos, nos espumantes e nos vinho tintos jovens e leves.

Se em lugar da salivação sentimos uma sensação de secura, acompanhada de uma sensação de “travo” nos dentes, então teremos um vinho tânico, rico em tanino, substância que se encontra na casca da uva.
O tanino não é encontrado nos vinhos brancos, mas somente nos tintos, sobretudo os mais envelhecidos.

*ACIDEZ. Todos os vinhos contém uma variedade de ácidos naturais basilares, principalmente o ácido tartárico, o málico, o láctico e o cítrico. Além de evitar que o vinho se estrague durante a fermentação, os ácidos contrabalançam a doçura do vinho e lhe conferem equilíbrio e um gosto vivaz e refrescante.
Um vinho descrito como ácido não será equilibrado; já aquele que não possuir acidez suficiente parecerá fraco ou insípido (Vocabulario do Vinho - Roberto Rabachino).

domingo, 23 de janeiro de 2011

VINHOS DE MONTANHA – VALLE D’AOSTA

VINHOS DE MONTANHA  – VALLE D’AOSTA

Sempre gosto de pesquisar e conhecer vinhos novos e alternativos, que estimulem a curiosidade por algum motivo e que sejam diferentes dos produzidos nas regiões mais conhecidas, não que tenha dado para cansar de tomar Bordeaux ou Barolo, minhas finanças não me permitem exageros enológicos com tamanha freqüência para justificar a saturação.
Por isso vou falar da Valle d’Aosta, no extremo Noroeste da Italia, região pela qual tenho um carinho especial, muito próxima da minha terra natal.

O Vale se estende seguindo o curso do Rio Dora, até a divisa com o Piemonte, no município de Carema, também terra de um grande Nebbiolo, que recebe o mesmo nome da cidade.
Ao lado da Dora se erguem altas montanhas, que se abrem em vales tortuosos, abertos pelos afluentes da Dora, onde a vida se desenvolve em um eterno compromisso entre o que o homem quer fazer e o que a terra e o clima permitem.

Entre cortando o rio existe uma moderna auto-estrada para os que precisam chegar logo até a cidade de Aosta, fundada pelos romanos e capital da região, ou até a França, através do famoso túnel que se abre nas entranhas do Monte Bianco; mas também corre uma estrada provincial, que atravessa todas as cidades e vilarejos e se desenrola ao lado da antiga estrada romana, onde passaram as legiões de Julio Cesar ao invadirem a Gallia, mais de vinte séculos atrás.

É esse o nosso caminho, ladeado de vinhedos que apresentam um espetáculo muito diferente daquele comum as demais regiões vinícolas do mundo; em lugar das ordenadas e disciplinadas fileiras, as encostas extremamente íngremes do vale são divididas em terraças, uma sobre a outra, como uma grande arquibancada que algum gigante utilize como escada para chegar ao topo da montanha.


Nessas terraças são plantadas as videiras, em latada baixa, num interessante exemplo de  luta obstinada que obriga o homem a disputar espaço com a rocha, palmo a palmo, para plantar alguns poucos pés a mais .
Essa é a paisagem que se ergue na vertente orientada ao Sul (estamos no hemisfério Norte), para aproveitar até a última hora de luz, o calor dos raios solares, que em alguns vinhedos, nas encostas mais íngremes, beijam diretamente as bagas das uvas com um ângulo de 90°.

As videiras são plantadas a uma altura de no máximo 50 cm. do solo, para protegê-las do vento forte que, freqüentemente, sopra com intensidade descendo o vale como fosse num gigantesco túnel. Outro motivo dessa inusitada condução é a elevada excursão térmica; durante o dia, o solo pedregoso e as colunas de pedra erguidas ao longo dos vinhedos, armazenam o calor do sol e o devolvem para as videiras nas noites geladas e ventosas do Vale d’Aosta.


Devido ao clima peculiar dessa região e ao frio intenso, o tratamento das pragas das videiras é relativamente fácil, existem muitos vinhedos plantados em pé franco, nesse clima nem a terrível philoxera vastatrix conseguiu se expandir, isso vale também para as variedades internacionais, que, segundo alguns registros da época nos informam, teriam chegado ao vale por volta de 1600, trazido por colonos suíços, que aqui vieram para repovoar o Vale após uma terrível praga que dizimou os habitantes.

Aqui os vinhedos se erguem a partir de 400 m. de altitude na parte baixa, até os 1.225 m. do município de Morgex, nas encostas do Monte Bianco, onde se encontram os vinhedos mais altos da Europa.
A escassez das chuvas e a já citada excursão térmica no período da maturação das uvas, acentuam a intensidade dos perfumes dos vinhos valdostanos e aportam uma tipicidade única para esses vinhos de terroir único e raro.


Para entender melhor a entidade do quebra cabeça representado pela vitivinicultura nessa região vejam alguns dados:

O Valle d’Aosta é uma das menores regiões vinícolas italianas com apenas 600 hectares plantados (Para se ter uma idéia é mais ou menos a mesma extensão dos vinhedos de Catena Zapata em Mendoza, ou da Viña Tarapacá no Chile, já a vinícola Aurora, na Serra Gaúcha, possui algo em torno de 1.400 hectares por uma produção de cerca de 70 milhões de litros/ano).

A superfície plantada média por empresa cadastrada não passa de 0,25 hectares; e a produção é pouco mais de 1,7 milhões de garrafas, divididas em vinhos de mesa e vinhos a Denominação de Origem Controladas Valle d’Aosta DOC que, por sua vez, se divide em nove sub-regiões dependendo do vilarejo de procedência... isso é que se chama de vinho de terroir.

Com umas propriedades fragmentadas desse jeito a solução natural, comum aos povos de montanha, acostumados a se unir para enfrentar as adversidades ao longo dos séculos, foi formar cooperativas; hoje existem seis associações desse tipo no vale, além do Instituto Agrícola Regional, aos quais precisamos acrescentar 35 pequenos viticultores representados pela associação Viticulteurs Encaveurs Vallée d’Aoste.

As variedades plantadas são as autóctones, rigorosamente preservadas e vinificadas segundo uma tradição muito antiga, e alguns varietais internacionais:

VARIEDADES AUTOCTONES:

- TINTOS: Fumin (10 Hectares), Cornalin (2 Hectares), Mayolet (1 Hectare), Petit Rouge, Vien de Nus
- BRANCOS: Prié Blanc de Morgex, Petite Arvine.

VARIEDADES NÃO AUTOCTONES:

- Chardonnay, Muller Thurgau, Gamay, Pinot Noir, Nebbiolo.






Não pensem os enófilos que o Valle d’Aosta seja apenas interessante por sua enologia, a gastronomia é muito variada também e tem aí uma riqueza em queijos e embutidos que espelha muito bem aquela tipicidade de terroir como nos vinhos. 

Uma outra grande atrativas são os castelos e os fortes erguidos pelos antigos Condes Challand, senhores feudais dessa terra na Idade Média, para se defender das contínuas escorrerias dos franceses.
Todos os principais morros desde o Monte Bianco, até chegar próximo da cidade de Ivrea, já fora do Vale, contam com uma torre fortificada erguida em seu topo, todas essas torres ainda estão conservadas e algumas aberta a visitação, o interessante é que foram edificadas em modo de estar em contato visual uma com a outra, isso para poder lançar o alarme, em caso de invasão, através de sinais óticos, assim o alerta viajava para todo o vale a velocidade da luz e permitia aos cidadãos se prepararem.
Em um próximo post trataremos do vinho mais especial, mais típico e realmente único e inimitável de todo o Vale, o Blanc de Morgex et de La Salle.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

TERRA ANDINA SAUVIGNON BLANC 2009 - CHILE

Na mesma ocasião que degustamos o Robertson Chardonnay, abri um Terra Andina Sauvignon Blanc, do D.O. Vale Central (embora a procedência da maioria da uva seja Casablanca, o produtor optou por rotular com a D.O. mais simples).
Terra Andina é uma vinícola de propriedade da Viña Santa Rita, produz vinhos muito honestos, sem muitas estrelas, mas que mantém uma confiável regularidade na qualidade de seus rótulos, um fiel retrato da enologia chilena nessa faixa de preço (pouco mais de R$ 60,00 na mesa do restaurante).
O Sauvignon Blanc em questão apresentava uma cor amarelo claro, de vinho jovem, ao nariz se sobressaiu o aroma mineral da pedra de isqueiro, que o meu amigo Charles da Vila Alexandrini, chama de "cheiro de gás butano", toques vegetais do varietal, mais floral que frutado, na boca pronunciada acidez refrescante, em minha opinião muito bom para acompanhar ceviche (desde que o limão não seja tão exagerado), e ostras cruas c/pouco limão, ou então um grande clássico da culinária da Liguria (Italia): acciughe crude olio (azeite extra virgem, obviamente), sale e limone.

ROBERTSON CHARDONNAY 2006

ROBERTSON CHARDONNAY 2006 - ROBERTSON VALLEY - SOUTH AFRICA. Em um treinamento com profissionais de um restaurante que abrirá em breve no Meireles, ontem, abri uma garrafa de Robertson Chardonnay da safra 2006.
O vinho é produzido na Robertson Valley na Africa do Sul, uma região de poucas chuvas e relevos bastante variados, a 175 km de Cape Town, no interior do país.
O vinho agradou muito todo mundo, de cor amarelo dourado (afinal era um 2006), no nariz apresentava a princípio frutas como abacaxi maduro e banana, bastante evoluido, sem nenhuma oxidação, na boca não muito acido, provavelmente por causa da idade, interessante leve final de boca de caramelo, 20% deste vinho passa por um breve estagio em barrique, porém a madeira não predomina mas ajuda a suportar o envelhecimento, um vinho fácil de gostar, acompanha bem frutos do mar, carnes brancas e salmão.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

E O ENOLOGO? QUEM É?

O enólogo é aquele profissional que, após frequentar com sucesso o curso de enologia, trabalha na produção do vinho na vinícola, podemos dizer que o enólogo é o responsável pelo vinho que bebemos desde a colheita das uvas (vindima) até a saída da garrafa da vinícola, já o sommelier é o responsável desde o momento que o vinho é adquirido pelo restaurante até a hora de bebé-lo. (na foto Clovis Boscato, da Vinícola Boscato, Nova Pádua - RS) 

QUEM É O SOMMELIER

O sommelier é o executivo responsável pelo negócio do vinho no estabelecimento onde presta serviço, seja restaurante, hotel, loja ou outra empresa que trabalhe com a bebida.
Geralmente se ocupa da seleção dos rótulos, da compra, do abastecimento e da comercialização do vinho, não é portanto aquele que apenas executa o serviço junto ao cliente, mas sim o profissional responsável pela condução do atendimento do vinho na casa como um todo.
O Sommelier é um profissional que passa por um curso com exame final teórico - prático, se for por entidade filiada WSA (Worldwide Sommelier Association), pode exercer a profissão em todo mundo. Como para todo executivo o diploma é apenas o começo da carreira, cabe ao profissional a responsabilidade de aprofundar-se e progredir.

O TERROIR

Entre os vários conceitos com que nos deparamos ao falar de vinho, talvez o mais hermético seja o de Terroir, uma palavra francesa de quase impossível tradução, algo como tentar traduzir Saudade, por exemplo.
Antes de tentar traduzir, é melhor decifrarmos esse conceito que é de fundamental importância seja na apreciação seja na análise sensorial profissional de um vinho.
Basicamente o Terroir é um espaço geográfico delimitado onde uma comunidade construiu, no curso da historia, uma relação com o território e um saber coletivo de produção.
Explicamos melhor,  é um conjunto de fatores como solo, clima, cepas originárias daquela região, conhecimento de gerações de produtores, técnicas agronômicas e enológicas que, através de um processo evolutivo ao longo do tempo, torna o produto daquela terra único e irreproduzível.
A maioria dos produtores do mundo hoje vinifica a partir das chamadas variedades internacionais, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Syrah e Malbec para os tintos e Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Semillon, Gewurztraminer e Chenin Blanc para os brancos.
Essas variedades são plantadas com excelentes resultados, ao redor do globo, porém graças a mística do Terroir em cada região o vinho que elas produzem é peculiar e as diferenças são claramente perceptíveis mesmo para quem não é nenhum expert.
No passado recente a questão do Terroir foi inclusive fonte de discórdia, os produtores do Novo Mundo, sobretudo Australianos e Californianos consideravam o conceito de Terroir como uma jogada de marketing dos produtores do Velho Mundo, ao qual eles opunham uma linha de trabalho baseada na exploração das características de cada variedade, negando, ou pelo menos colocando em plano inferior, a influência do solo no vinho.
Mais recentemente essa discórdia caiu, ao que parece os Australianos e os Californianos descobriram a riqueza do Terroir deles e resolveram dar a polemica por encerrada.
Está aí a grande riqueza que o vinho tem a nos oferecer, mesmo que a gente conheça, por exemplo, o Cabernet Sauvignon produzido no Chile, será, acreditem e provem, bem diferente de um Bordeaux do Medoc, na França, onde a Cabernet Sauvignon predomina, pois as diferenças entre esses dois vinhos serão determinadas justamente pelo Terroir de cada um.
Sejamos pois bebedores de vinhos, não de uvas.

O VINHO EM FORTALEZA

O consumo de vinho em Fortaleza tem aumentado sensivelmente nos últimos anos.
Uma série de fatores contribuiu para isso, desde a abertura da economia e conseqüente aumento da oferta, até a comprovação cientifica de que o consumo moderado de vinho traz vários benefícios para a saúde.
O vinho é uma bebida altamente sociável, ao compartilhá-lo com alguém, inevitavelmente, em determinado momento, o assunto da conversa vai ser o mesmo vinho, uma mística que dificilmente acontece com a cerveja.
O consumidor, de modo geral, tem uma aproximação hesitante, quase temesse de não gostar do vinho, ou de que alguém achasse que o vinho de que gosta não é considerado “bom” pelos “especialistas”.
Fale com o atendente, peça orientação, e, se ele não souber indicar, reclame, é seu direito.
É muito bom também variar na escolha do vinho e fugir daquelas marcas já conhecidas, isso nos impede de apreciar o que o vinho tem de mais fascinante, que é justamente a riqueza de sensações e diferenças a serem descobertas, as múltiplas facetas dessa bebida que, como poucas outras, é produzida a partir de um único ingrediente, a uva, sem adição de nada. Por isso, a diversidade incomparável e a riqueza sensorial do vinho, são ligadas unicamente à terra que o produziu e ao saber do homem de lá.
Vamos arriscar então, não sejamos tímidos, vamos provar e perguntar, faremos descobertas que, com certeza, serão extremamente enriquecedoras p/o prazer de cada um.