terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PATAGÔNIA, A ULTIMA FRONTEIRA


Analisando as varias regiões vitivinícolas da Argentina (que não se resumem apenas a Mendoza, a qual, por sinal, é muito extensa e dividida em várias sub-regiões com características distintas entre si), não poderíamos não considerar a Patagônia, ou melhor, o Vale do Rio Negro; esta região fica a quase 1.000 km ao sul de Buenos Aires, no meio do caminho entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Atlântico e a menos de 2.000 km de distancia da Terra do Fogo.
Em outras palavras, estamos no meio do deserto. O microclima é influenciado pelos rios da Cordilheira, o Neuquem e o Limay, os quais juntando-se formam o Rio Negro, que deságua no Atlântico.

Vinhedos na Patagônia.

Em 1928, colonos britânicos, observaram a grande quantidade de água que corria nos rios da região e resolveram cavar canais de irrigação, formando assim um oásis no deserto e transformando aquela área seca e improdutiva, num paraíso pela fruticultura, ainda nos dias de hoje essa terra é conhecida mundialmente pela produção de peras e maçãs, além do vinho, naturalmente.

As primeiras parreiras, geralmente de varietais de origem francesas, datam do começo do século XX.
O próprio Vale do Rio Negro é um verdadeiro paraíso natural para o cultivo da videira. Um clima árido, com apenas 180 mm/ano de chuvas e uma umidade máxima de 30% fazem dessa região, a mais meridional do continente Latino Americano, uma terra absolutamente livre de pragas, fungos e outras doenças da videira.
A atmosfera fica incontaminada, pura e intacta, em perfeito equilíbrio e sintonia com a natureza ao redor.
Esta pureza está no ar que se respira e incentiva o homem a trabalhar no mais completo e pleno respeito da natureza, integrado ao meio-ambiente e respeitando um ecossistema raríssimo nos dias de hoje.
Como consequência desse equilibrio é naturalmente difusa a pratica da viticultura orgânica e biodinâmica.

Em época de maturação, a excursão térmica varia entre as medias de 28ºC do dia e os 9ºC das frias noites do Sul Austral.
Nestas condições extremas são elaborados alguns dos mais interessantes vinhos do Hemisfério Meridional, sem duvida uma fronteira do vinho, com muitos tesouros a serem descobertos.

Em Patagônia, assim como em Mendoza e nas demais regiões da Argentina, o principal protagonista é o Malbec, embora aqui tenha características diferentes do Malbec mendocino.
Na Patagônia o varietal Malbec dá um vinho mais intenso, com fortes notas de especiarias, muito profundo, a maioria dos vinhos de lá são de qualidade elevada, e preço também.

Para concluir é preciso mencionar um grande vinho dessa região, a revista americana Wine Spectator, concluiu recentemente sua resenha anual dos vinhos e, na TOP 100, em primeiro lugar entre os vinhos argentinos, com 96 pontos, escolheu um vinho da Patagônia, o NOEMÍA, Malbec biodinâmico produzido pela Bodega Noemia, que pertence à Condessa Noemi Marone Cinzano e ao winemaker dinamarquês Hans Vinding-Diers.


Matéria publicada na revista Il Sommelier numero 01/2012

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