terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CRUS DA BORGONHA VÃO A LEILÃO PARA AMENIZAR A CRISE NA EUROPA


Para combater a crise na Europa e enfrentar o corte nas verbas que o Primeiro Ministro francês  François Hollande impôs aos municípios, o Prefeito de Dijon recorreu a uma solução criativa organizando um leilão de suas "joias da coroa".
Vinhos guardados desde 1960, pelos vários prefeitos que se sucederam à frente da capital da Borgonha, foram vendidos para atender a demanda de serviços sociais crescente na cidade.
O habito de adquirir e guardar na adega municipal alguns entre os rótulos mais emblemáticos desta mítica região, sempre foi praticado pelos prefeitos de Dijon, só que nunca, até agora, surgira a ideia de leiloar parte deste "tesouro" para socorrer a população mais necessitada.
No leilão realizado no castelo do Duque de Borgonha cerca da metade do estoque de preciosidades liquidas foi vendido; 3.500 garrafas, pertencentes a diferentes safras, para uma arrecadação de mais de 150.000,00 Euro, um valor médio de 43,00 Euro cada, com o pico inacreditável de 4.800,00 Euro pagos por um desconhecido colecionador chines por uma garrafa de 1999.
80% desse valor será utilizado em obras de assistência social para os cidadãos mais necessitados, o restante será reinvestido em vinhos para reabastecer a adega municipal de novos "Crus".
Se a crise não melhorar, da próxima vez poderão tentar um leilão de mostarda.

Fonte: www.fisar.org

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

SAINT EMILION, UMA CLASSIFICAÇÃO QUE NÃO AGRADOU NINGUÉM

A esperada classificação dos Chateaux de Saint Emilion, que saiu no setembro 2012, após ter sido abortada em seu primeiro esboço, ainda em 2007, acabou de ser detonada, de novo.
Parece que três Chateaux não concordaram com os critérios de avaliação da comissão de controle da AOC, o ponto mais polemico tem sido o do critério da degustação organoléptica.



Assim o Chateau Croque - Michotte, o Chateau La Tour du Pin Figeac e o Chateau Corbin - Michotte, encarregaram seus respectivos departamentos jurídicos de resolver a questão, diante do tribunal administrativo de Bordeaux.
O La Tour du Pin Figeac e o Corbin - Michotte perderam o status de "Grand Cru Classe" e o Croque - Michotte se viu negada a promoção a "Grand Cru Classe" ficando apenas "Grand Cru"; os três chateaux acusaram erros na seleção e, sobretudo, na degustação das amostras.
Desde 2006 que em Saint Emilion se tenta varar uma classificação mais atualizada, mas até agora não se encontrou consenso, a primeira tentativa foi abortada um ano depois, em 2007 e esta ultima, varada em Setembro, ao que parece somente será resolvida na justiça.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

QUAL É O CUSTO DE PRODUÇÃO DE UM BORDEAUX?

Sobre como se faz um vinho, neste blog, tratamos inúmeras vezes, falamos das técnicas diferentes, as tradicionais, aquelas mais modernas, no Velho Mundo e no Novo, no vinhedo e na vinícola;  mas existe uma pergunta que não é fácil de responder, quanto custa "fazer" o vinho? O estudo da entidade francesa  "Chambre d'Agriculture Gironde", de Bordeaux, publicou um estudo que pode nos ajudar a encontrar a resposta.

A pesquisa, muito detalhada e minuciosa, se baseia no calculo dos preços médios (preço bruto, com impostos embutidos onde e quando eles incidem) de todos os aspectos envolvidos, desde a mão de obra que, na França, custa entorno de 16/18 Euro/hora no campo e 23,00 Euro/hora para o trabalho na vinícola, mais especialístico, passando ao custo dos maquinários, dos fertilizantes, rotulagem etc.
Dai foi feita uma simulação entre duas empresas fictícias  um "Domaine X" que produz apenas vinho a granel trabalhando no limiar da decência da relação custo x beneficio (estamos falando de Bordeaux AOC, não esqueçam), em contraposição ao "Chateau Y" que produz vinho engarrafado, com maiores atenções, rendimentos mais baixos e cuidado com o meio ambiente.


Vamos então verificar as diferenças: no vinhedo o Domaine X apresentou um custo de 5.340,00 Euro por hectare, contra os 5.633,00 do colega Chateau Y, mais exigente; uma diferença nem muito grande.
Já na hora da vinificação a distancia entre os dois aumenta, enquanto X apresenta um custo de 1.250,00 Euro/hectare (0,25 Euro/litro), eis que o Y gastou 1.425,00 Euro, ou seja 0,29 Euro / litro.
Temos então o custo de produção total, para o vinho a granel onde o Domaine X totalizou 1,32 Euro/litro e o Chateau Y 1,41 Euro/litro.


A musica muda quando se fala de vinho envasado em garrafas de 750 ml., uma situação que preocupa apenas Y; temos então um custo de produção de 1,06 Euro/gfx750ml. somamos a isso o dinheiro gasto com engarrafamento, 0,52 Euro/gf., mais rotulagem e comercialização, aproximadamente 1,30 Euro/gf. (mais que o custo de produção!) e chegamos ao custo final da produção de uma garrafa de Bordeaux AOC, ou seja 2,88 Euro/gf, R$/gf. 7,66, ao cambio de hoje.

Bom, a partir daí até o preço que pagamos nas gondolas no Brasil a diferença é dada pela margem de lucro do produtor, pelo frete, variação cambial, margem do importador, a incidência dos impostos pagos na nacionalização (este tópico vem antes do anterior, só mudei a ordem por amor à prosa), daqueles cobrados cada vez que muda de Estado (sic!), e de distribuidor para varejo e/ou restaurante (sic + sic!).
Enfim, aqui entre nós, só gostando mesmo de vinho.

fonte: winenews.it
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

TERRORISMO ENOLOGICO 2 - OS DETALHES DO ATAQUE A VINÍCOLA ABRAXAS


Ataque pode parecer uma palavra um pouco exagerada, sobretudo para o pacato mundo do vinho, ainda mais quando o cenário é uma bucólica ilha no meio do Mar MediterrâneoPantelleria, no caso, mas não me ocorrem outras palavras para definir o que aconteceu na Abraxas, na noite entre os dias 27 e 28 de Dezembro de 2012, vejam a seguir como aconteceu, segundo o relato do proprietário, Calogero Mannino.

"Não sei quantas pessoas foram, penso mais de um pois chegaram a derrubar o muro da vinícola para poder entrar ... pareceu quase uma operação de guerra, com uma violência fora do comum, sim porque  forçar uma fechadura, até abater uma porta, de certa forma, é compreensível,  mas chegar ao absurdo de derrubar uma parede é de assustar ... quando entro na minha adega agora e vejo nas outras paredes que se formou um rodapé vermelho na altura de cerca de 40 cm. do chão, fico impressionado; aconteceu que quando os tanques foram esvaziados o vinho inundou a vinícola, formando uma verdadeira lagoa e defluindo depois lentamente através dos canais de drenagem...o mundo do vinho não merecia isso, além do que aconteceu comigo, nós precisamos conservar aquela tranquilidade, aquela serenidade que é tipica do nosso mundo, não podemos aceitar episódios como esse".

Além de tudo, tentando contabilizar o prejuízo sofrido pela Abraxas que, vale lembrar, é uma vinícola premiada na Itália e no mundo, vamos somar: 70.000 litros de vinho jogado fora, sendo 35.000 de passito das safras 2010 e 2011, 24.000 litros de tinto Sicilia DOC 2012, 7.500 litros de branco Pantelleria DOC 2012, além de outros tanques pequenos.
Um prejuízo total que, ao custo de produção, pode ser estimado em cerca de 500.000,00 Euro mas que, ao valor de venda, representa um prejuízo real de cerca de 1 milhão de Euro; isso, para uma vinícola que possui 26 hectares de vinhedos, pode ser fatal.
Pois é amigos, foi um ataque mesmo, infelizmente.

fonte: winenews.it

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

PROSECCO OR NOT PROSECCO, THAT'S THE QUESTION

Já tratei neste blog de Prosecco, do excelente desempenho deste vinho no mercado internacional, bem como da dedicação de alguns produtores na busca de uma qualidade diferenciada, está então na hora de ouvirmos o lado "B" deste velho disco.
Vamos conhecer melhor o protagonista desta historia, tradicional Charmat da região aos arredores da cidade de Treviso, que se tornou celebre por ser base de receita de vários aperitivos nos charmosos bares de Venezia, ao longo do seculo XX.
Antes de tudo o Prosecco passou por uma reviravolta alguns anos atrás, quando os produtores da região, acreditando no potencial de venda deste espumante leve, frutado e agradável, de preço extremamente competitivo, apostaram na procura pelas borbulhas de consumidores de alguns países emergentes, cuja "sede" era (ou é) inversamente proporcional ao poder aquisitivo (e talvez ao conhecimento).
Partindo deste conceito deram inicio a "Operação Prosecco", criando uma Denominação de Origem, DOC, com delimitações territoriais muito maiores que aquelas das regiões históricas do Prosecco, Conegliano e Valdobbiadene, englobando territórios sem nenhuma tradição, esticando os limite até regiões que jamais tiveram se quer a mínima conexão com o  nosso, em nome da produção em larga escala, a baixo custo e para largo consumo, um verdadeiro commodity do vinho.
Chegando ao cumulo de estender os limites territoriais para plantio da uva que dá origem a este vinho, até os arredores da cidade de Trieste, na região do Carso, já na divisa com a Eslovênia (ver mapa abaixo), onde existe uma vila chamada Prosecco na qual se cultivam desde antigamente uns poucos filares de uva Glera e justificar assim, perante a União Europeia, o direito de se apossar de um nome (Prosecco) que, até então, era usado para definir de forma geral os espumantes produzidos a partir desta uva, qualquer fosse sua origem (inclusive do Brasil).


Uma operação que Alfonso Cevola, influente Wine Blogger italiano, utilizou a língua inglesa para definir como "The rape of Veneto" (mais ou menos ... O estupro do Veneto), condenando sem apelo o processo de popularização de um vinho cuja terra e origens foram deturpadas e sacrificadas no altar do lucro desmedido e a qualquer custo, num processo de perversão que descaracterizou completamente uma região inteira, para transformá-la em uma fonte de abastecimento de espumante medíocre destinado ao consumo de quem não pode se permitir um Champagne ou um outro espumante de qualidade.
Nem todos os produtores porém entraram nesta ciranda, alguns dos mais tradicionais resolveram reagir para  resguardar seu patrimônio que, para quem vive do campo, é a terra e a tipicidade de seus frutos.
Na tentativa de salvar o possível foram instituídas denominações mais especificas, elevando a região clássica de Conegliano e Valdobbiadene à Denominação de Origem Controlada e Garantida, DOCG, e reconhecendo oficialmente a denominação adjuntiva "Rive" de acordo com o conceito de Cru.
Esta reação pode e deve orientar o consumidor na hora da escolha, procurar as especificações nos rótulos de Prosecco é um bom habito para não compactuar com o deturpamento do patrimônio cultural de uma região.

fonte: www.vinoalvino.org / acevola.blogspot.it

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

VENDA DE PROSECCO NO REINO UNIDO ULTRAPASSA CHAMPAGNE E CAVA

Talvez seja a crise ou quem sabe uma serie de fatores que conjugam preço competitivo e qualidade crescente, mas o fato é que o Prosecco italiano, no ano de 2012, superou de um golpe as vendas de Champagne e  Cava, desde sempre lideres de venda no exigente mercado britânico.
Segundo Alain Guilpain, executivo da rede de lojas Tesco em entrevista ao jornal The Gardian "...Um crescimento ainda mais surpreendente considerando que até cinco anos atrás o Prosecco era muito pouco conhecido em nosso país, cresceu sobretudo em virtude da propaganda boca a boca e, no ano de 2012, aproveitou a crise graças a sua excelente relação qualidade x preço", vale lembrar que a Tesco é a rede de supermercado líder no Reino Unido quando se fala em venda de vinho.
Mas o fenômeno não parou por aí não, o Waitrose, gigante especialista em vendas on-line confirma "...o Prosecco cresceu 23% sobre 2011, ao passo que o tradicional Champagne apenas 6%", dado no final das contas positivo para os franceses, considerando o quadro de crise que impera na União Europeia.
Estes números refletem uma tendencia que vem desde 2007, ou seja desde o começo da crise, dando conta que o consumo de Champagne já caiu a -30%, diante de um crescimento, em vendas, de Cava e Prosecco de 50%, no mesmo período.
Uma tendencia que na verdade se repete nos principais mercados e fez as vendas de Champagne fechar 2012 com uma queda de - 3% total, somando pouco menos de 314 milhões de garrafas, com uma queda do preço médio por garrafa e uma retração muito forte em mercados importantes como Espanha Itália  países gravemente afetados pela crise atual.
Que toque então o despertador para a industria vinícola (e para o governo) do Brasil, com a qualidade (e o preço competitivo!) de nossos espumantes, está mais do que na hora de se organizar para darmos a escalada a um dos mercados mais importantes do mundo, até por que já já a crise passa e o Champagne vai voltar com toda sua força.

fonte: winenews.it

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

NOTAS DE DEGUSTAÇÃO - CASA VALDUGA GRAN IDENTIDADE CORTE 2009

REGIÃO: Serra do Sudeste - Encruzilhada do Sul - RS
PRODUTOR: Casa Valduga
COMPOSIÇÃO: Arinarnoa, Marselan e Merlot
SAFRA: 2009
ESTAGIO: 12 meses em barricas francesas e mais 12 meses em garrafeira.
TEOR ALCOOLICO: 13,5%


Visual: Cor rubi muito intensa e profunda, o reflexo violáceo no halo do vinho deixa claro que se trata de um vinho jovem muito intenso e encorpado, acrescento com perspectivas de guarda bastante longa, talvez 8 a 10 anos, a meu ver.

Olfativo: O aroma deste vinho é bastante intenso, não foi decantado, pois não achei necessário, portanto os aromas que compõem seu amplo bouquet surgiram em camadas sucessivas, a principio a fruta preta e vermelha madura, seguida por uma presença vegetal potente, mas não defeituosa, as notas de tostado, de café e especiarias trazidas pela passagem na madeira, aparecem em seguida e ajudam a "temperar" o forte vegetal (Arinarnoa, o produtor não declara a porcentagem mas acredito que este varietal seja a maior parte ou, pelo menos a que mais impacta). A grande intensidade e a persistência dos aromas mostram a personalidade e o potencial de evolução do vinho.

Gustativo: Muito tanino, vinho encorpado, preenche a boca, enxuga as papilas que, em seguida, começam a ativar a salivação, sinal de uma acidez vibrante que indica potencial de envelhecimento. Os taninos não são verdes, mas ainda assim bastante "duros", o Gran Identidade pode surpreender os amantes dos vinhos mais suculento e frutado de outras regiões do Novo Mundo. Não apresenta nenhum amargor num final de boca longo e persistente. Pede uma carne vermelha de sabor marcante, escolhi um Baby Beef assado com cuscus marroquino que harmonizou muito bem.

Conclusões: Se trata de um vinho que representa a gama alta da vinícola  o preço de mercado é superior a R$ 100,00, portanto uma aposta da Casa Valduga na busca da qualidade, bem sabendo que nesta faixa de preço a resistência do consumidor com o vinho brasileiro, sobretudo tinto, é mais elevada. Acredito que o vinho seja um pouco tânico  mas vai evoluir bem nos próximos meses, as notas de frutas, vegetais e tostadas que hoje estão um pouco "desordenadas" vão integrar-se melhor e fundir-se num bouquet mais harmônico  assim como os taninos ficarão mais macios e sedosos, o potencial de envelhecimento é elevado, um vinho de personalidade marcante.

CHATEAU D'YQUEM DISPENSA A SAFRA DE 2012



Demonstrando zelar pela fama secular que faz do Chateau d'Yquem um dos grandes vinhos de Bordeaux (e do mundo), a multinacional francesa Louis Vuitton Moet & Hennessy, LVMH, resolveu não engarrafar o mais celebrado dos Sauternes na safra de 2012.
Motivo da decisão radical, que subtrairá cerca de 100 mil garrafas de verdadeiro néctar dos sonhos de consumo dos enófilos abastados do mundo todo, foi a falta de condições climáticas necessárias para o desenvolvimento da "podridão nobre", também conhecida como "Botrytis Cinerea", ou seja aquele fungo que, ao atacar os bagos de uva, geralmente da casta Semillon, no final da maturação, os desidrata, concentrando assim todos os açúcares e dando origem a um vinho de uma qualidade impossível de ser reproduzida em outras latitudes.
Porém, segundo o enólogo de confiança da LVMH, Pierre Lurton, "...Tínhamos tudo para dar certo, desde o terroir incomparável do Chateau, até a estrategia certa na adega, mas a natureza este ano faltou ao compromisso e o clima não nos permitiu engarrafar o vinho..." gerando assim um prejuízo comercial da ordem de uns 25 milhões de Euro, "... mas, quando se tem a responsabilidade de zelar um nome e uma marca secular, precisa saber o momento de fazer um sacrifício, não se pode tratar o Chateau d'Yquem com os mesmo parâmetros de um qualquer balancete empresarial."


Sacrifício que o Chateau d'Yquem já precisou enfrentar, umas dez vezes nos últimos 200 anos de vida, curiosamente nos últimos tempos tem acontecido a intervalos regulares, tanto que, além de 2012, não foram engarrafadas as safras de 1952, 1972 e 1992, uma coincidência, sem dúvida(?)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

NOTAS DE DEGUSTAÇÃO - CHAPELLE SAINT-MARTIN PUISSEGUIN ST EMILION AOC


REGIÃO: Puisseguin Saint- Emilion A.O.C. - Bordeaux
PRODUTOR: Antoine Moueix
COMPOSIÇÃO: 70% Merlot, 25% Cabernet Franc, 5% Cabernet Sauvignon
SAFRA: 2009
ESTAGIO: 30% do vinho passa de 6 a 8 meses em barricas francesas.
TEOR ALCOOLICO: 13,5%


Antoine Moueix é um produtor que fez sua fortuna na margem direita de Bordeaux, é um verdadeiro especialista em Saint Emilion e produz o Chapelle Saint - Martin a partir de vinhedos orientados em direção Sul, em solo argiloso rico posto sobre a plataforma calcária, responsável pela personalidade dos bons vinhos de Saint Emilion.

VISUAL: Vermelho de media intensidade, reflexos de tonalidade quase granada, muito bonita a cor, o brilho deste vinho é quase luminoso.

OLFATIVO: Com um pouco de paciência aparecem todas as matizes aromáticas de um Saint Emilion de raça, as frutas pretas maduras, com destaque para a ameixa, seguidas pelas especiarias, as flores vermelhas e os toques terciários deixados pelo discreto uso da madeira;  um Saint Emilion feito como sugere o manual de instruções destes vinhos elegantes e aveludados, a intensidade não é exuberante mas muito boa, a persistência não decepciona.

GUSTATIVO: Um bom Bordeaux precisa de equilíbrio, todas suas características precisam estar bem balanceada entre si, nada pode deturpar o conjunto, estas regras no Chapelle Saint - Martin são seguidas a risca, o vinho tem um ataque quase suave, mas logo se apresenta enxuto e demostra personalidade e raça, a acidez ainda presente ajuda a "molhar" a sensação de secura e o vinho amacia a garganta e escorre suavemente pelo palato, nenhuma aresta, absolutamente nenhum amargor, nada se sobressai, a não ser um conjunto harmônico que deixa a impressão que o preço pago, um pouco acima dos equivalentes do novo mundo, tenha valido a pena. Afinal, como dizia Emile Peynaud, "tudo se faz como em Bordeaux", o resultado é que nem sempre é o mesmo.

TERRORISMO ENOLOGICO!!! MAIS UM ATENTADO NA ITÁLIA, DE NOVO.

O que está havendo na Itália? Parece que os atos vandálicos contra o vinho estão se tornando uma triste moda naquele que é o maior e mais antigo pais produtor de vinho do mundo.
Esta pergunta precisa ser respondida com urgência  pois nestes últimos dias de Dezembro mais um crime contra o vinho aconteceu, desta vez na Sicília, mais precisamente na ilha de Pantelleria, um pequeno paraíso banhado pelas águas do Mediterrâneo, situada entre a ilha da Sicília e o litoral africano.
Na noite entre o dia 27 e 28 de Dezembro, foi invadida a vinícola Abraxas, de propriedade de Calogero Mannino, ex ministro da agricultura italiano; o vândalo, ou os vândalos, já que ainda não foram divulgados detalhes da investigação, esvaziou o tanque onde estava armazenada parte da safra 2012, além de despejar no esgoto 25.000 litros! de Passito di Pantelleria, a joia da coroa da produção enológica local, das safras 2011 e 2010.
Parece que alguém andou se inspirando na façanha daquele outro criminal que poucos dias atras detonou 60.000 litros de Brunello di Montalcino da Case Basse, na Toscana.
Um serio problema que está preocupando todos os produtores italianos, já que o vinho, até hoje, sempre foi poupado pelo homem mesmo em seus piores momentos de fúria bestial, emblemático o caso dos nazistas que ocuparam a França durante a segunda guerra mundial, mas não tocaram em uma unica videira de Champagne, salvo deportar e prender nos campos de concentração o proprietário da vinícola se isto lhes apetecesse.
A parte as declarações de solidariedade dos representantes do ambiente enológico italiano e internacional, até o momento não se conhecem maiores detalhes sobre o triste acontecimento; fica o alerta, nem o vinho hoje está mais a salvo da insanidade humana; tomara que a moda não se espalhe mundo afora.